BRASIL – UM PAÍS MARAVILHOSO – NÃO PERMITAMOS QUE O DESTRUAM

Este livro do Michael Jacobs é fantástico, sob todos os pontos de vista.

Embora seja excelente para ensinar (realmente) inglês a brasileiros, demonstra muitas outras facetas, inclusive  da vida no exterior.

Brasil, um país maravilhoso.

Temos a obrigação de deixá-lo bem melhor para os nossos filhos, netos, bisnetos…

Não permitamos que o destruam!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

 What is a Gringo doing in Brazil? (O que um gringo está fazendo no Brasil?)

By Michael Jacobs

Para início de conversa quero deixar muito claro certos fatos a meu respeito.

Sou de uma família inglesa de classe operária que nunca tivera grandes aspirações na vida. “Fugi” da Inglaterra quando tinha 22 anos e resolvi morar e viver no Brasil (interessante é que esta distinção entre morar e viver não é possível na língua inglesa).

Sempre tentei trabalhar bem, ou pelo menos o melhor que pude, e sempre fui um bom pagador de contas. Porém, sempre senti que botar filhos no mundo e pagar as contas em dia (quando pude) não era exatamente o máximo de realização pessoal; ainda faltava algo.

Quando em 1989 saí do meu último emprego, já tinha começado a ensaiar os primeiros passos para lecionar inglês. A primeira vítima foi Luiz Henrique Lourenço de Freitas.

Freitas havia fundado uma empresa de ar condicionado, a Climatec, que havia se tornado uma empresa de porte no ramo. Lembro-me de uma das suas perguntas iniciais: “Michael, como é que se fala ‘cara de pau’ em inglês?”

Tentou wooden face, mas eu achei que não era o caso. Só anos mais tarde percebi que a tradução era:

He’s got a nerve (Ele é um cara de pau)!

What a nerve (Que cara de pau)! Até hoje quando escuto essas exclamações, lembro-me de Freitas, falecido tragicamente em 1992, ano em que também perdi meu filho Christian.

Freitas foi para mim um grande incentivador em muitas coisas, e até hoje gozo dos resultados daquela amizade.

Mas eu sentia que, embora fosse um falante nativo de inglês, faltava-me experiência na prática do ofício de professor.

Então, em 1990, iniciei um curso para formar professores numa escola voltada principalmente para executivos. Lá aprendi muito. Comecei a trabalhar quase imediatamente. Uma grande escola em dois sentidos. Aprendi muito, tanto sobre o ensino de inglês como sobre a responsabilidade que é tentar ajudar os alunos.

Lembro-me de que, após um pequeno desentendimento com a proprietária, ela me chamou e quis saber o que eu estava querendo quanto ao futuro, com palavras aparentemente cínicas (mas não eram): “Michael, o que você quer ser quando crescer?” Tive de admitir que não sabia; não tinha certeza se queria ser um professor de inglês.

Foi durante esta época que nasceu este livro que teve suas origens nos milhares de anotações que havia feito durante as aulas. Tinha uns cinco quilos de papéis amontoados.

Resolvi inicialmente fazer uma relação de erros comuns de pronúncia, depois acrescentei comentários meus, e mais tarde incluí os dos alunos também, até que tudo ganhou corpo e percebi que estava fazendo, quase sem querer, um livro.

Então mostrei uma versão quase completa para um amigo. Ele tinha visto uma das versões do livro tempos antes. Admirou muito como o livro havia progredido ao ponto em que chegou, quis saber como eu havia conseguido (provavelmente também admirava o fato de que finalmente eu havia levado a cabo um projeto). A única resposta é “com muito trabalho”. Claro, há criatividade, ideias etc., mas acima de tudo foi uma tarefa árdua, embora às vezes, admito, muito divertida.

Ele sempre soube das minhas ideias, dos meus sonhos e fantasias, mas sempre percebeu também que dificilmente passava disso, que pouca coisa se concretizava. A sua reação, ao ver a obra pronta, foi para mim muito gratificante.

O que aconteceu comigo para realmente terminar este livro (após tantas vezes que eu achava que já estava terminado) foi a mesma coisa que prego para você aprender inglês – não brinque, não o trate como uma ilusão, sacrifique algo para atingir seus objetivos, custe o que custar. Cerre os dentes e vá em frente.

Escrevi este livro com muito amor, no intuito de ajudar você que quer melhorar. Não passa uma aula sequer em que eu não pense, quando acontece um erro, quer seja de inglês, quer de atitude: “Com o meu livro, você entenderia melhor o que estou dizendo.”

Não foi fácil achar tempo para realizar este trabalho. Não pude me dar ao luxo de interromper minhas atividades do dia a dia, pois tenho contas para pagar e responsabilidades a cumprir. Tive de fazer um tremendo esforço e inúmeros sacrifícios. Igual a você, leitor, que pretende melhorar o seu inglês.

Hoje tenho uma resposta para alguém que me pergunte o que quero ser.

Quero escrever. E, se este que está agora em suas mãos for bem aceito, escrever cada vez mais, pois matéria não me falta.

E agora quero voltar à pergunta inicial: What is a gringo doing in Brazil?

Tenho ouvido esta pergunta incontáveis vezes desde que desembarquei em Santos num domingo ensolarado de 1967, exatamente na Páscoa.

Inicialmente, e durante muitos anos, a minha resposta era de que eu não via muito futuro na Inglaterra; poderia me imaginar 20, 30 anos adiante fazendo sempre a mesma coisa. Parecia que o meu futuro já estava traçado, preparado e selado. Eu não enxergava perspectivas melhores no horizonte. Decidi então deixar minha terra natal e considerei várias alternativas.

Havia sido aprovado para ingressar numa empresa norte-americana na Califórnia, que na época recrutava talentos especializados. Havia um porém: como já teria garantidos os meus direitos de cidadania norte-americana, viriam juntos os deveres. Corria grande risco de ser convocado para o serviço militar, naquela época já comprometida com a guerra do Vietnã.

Thanks, but no thanks.

África do Sul era outra opção. Mas ponderei o que aconteceria, caso eu, um branco quase translúcido, quisesse namorar uma mulher de pele mais escura.

Ambos poderiam ter problemas sérios com o regime de apartheid, e o meu foco principal era o trabalho.

Austrália? Britânicos demais por lá – seria uma Inglaterra com sol (ou pelo menos assim eu imaginava). Canadá? Fugir do frio inglês para sofrer ainda mais com o frio canadense? Nova Zelândia? Parecia-me tão monótono quanto a Inglaterra. Para onde ir, então?

Um belo dia, li num jornal interno da empresa para a qual trabalhava, a CAV, parte do grupo Lucas (e com fábrica em Cotia, nos arredores de São Paulo), uma reportagem a respeito de suas operações no Brasil, despertando minha curiosidade sobre São Paulo. Lembre-se de que, quem não está acostumado com a pronúncia em português dirá | seio-porlo |. Creio que saiu assim mesmo, sem o til, que não existia nas máquinas de escrever da época.

Bom, Seio Porlo parecia bastante interessante, Brasil mais ainda. Então a decisão estava tomada.

Festas aos montes, despedidas de amigos, amigas, namoradas e ex-namoradas, juras de não esquecer ninguém etc. etc. etc… Parti de Londres, Tilbury Docks, rumo a Santos, passando por Vigo, Lisboa, Tenerife, Rio de Janeiro (as primeiras vistas foram de tirar o fôlego).

Depois de uma viagem de festividades quase ininterruptas, “Brazil,

cheguei!”. Na mesma tarde de domingo em que desembarquei no porto de Santos, a dura realidade. Vi o navio que representava um elo com minha terra natal zarpando para Montevidéu. Aquele navio que havia sido meu lar por 16 dias. E agora eu estava sozinho. Que medo! E bota medo nisso!

Sabe, gente, levei muitos anos para entender e usar essa frase, usada para reforçar a importância de algo, da maneira que lhe é peculiar: bota (tal coisa, substantivo ou adjetivo) nisso!

E sabe qual a tradução, a expressão, que em inglês capta o espírito da frase?

You can say that again (Você pode dizer aquilo de novo – é obviamente a tradução literal).

Imagine a frase dita desta vez novamente em inglês vendo o meu navio partir e pensando: “Que medo!”

How afraid I was!

God, I was scared!

How scared I was!

The fear I felt!

How frightened I was! Ao soltar essa frase, posso até emendar: “You can say that again!”

Vamos a alguns outros exemplos de diálogos para consolidar:

. It’s cold today! You can say that again (Está frio hoje! Bota frio nisso)!

. What a great party! You can say that again (Que festa boa! Bota boa Nisso!).

Lembro-me de estar explicando essa “manha” para um colega brasileiro que falava muito bem inglês. Estávamos em quatro, sentados à volta de uma mesa na calçada de um bar no bairro dos Jardins, em São Paulo. A noite estava gostosa, quente, e algumas mulheres, usando decotes generosos em trajes sumários, atraíam a nossa atenção. Passou bem perto de nós uma jovem com um

decote particularmente interessante, e um da turma, um inglês, comentou:

Hum, nice_____________!” O colega brasileiro saiu com: “You can say that again!”Gargalhadas gerais, e muita admiração também, tanto pela sacada como para os belos_______.

Bem, onde eu estava mesmo? Deixe-me reler onde parei antes dessa divagação.

Ah, sim, chegando ao Brasil, e os motivos que me trouxeram.

Então, quando era perguntado a respeito da minha escolha, a resposta era sempre mesma – um futuro melhor, menos previsível (e bota imprevisível nisso!) e, talvez, um clima melhor. Eu queria conhecer uma nova cultura, aprender com seriedade uma segunda língua e ao mesmo tempo viver uma aventura? Sim, era de fato uma aventura para mim, que quase nada sabia a respeito do país que havia escolhido.

Com o decorrer do tempo, e anos de terapia, cheguei ao segundo motivo que me fez sair da Inglaterra – fugir da minha mãe (just kidding, a little).

Aí, comecei a perceber outro motivo, esse talvez o mais forte de todos.

Nasci em plena Segunda Guerra Mundial. Uma das minhas primeiras lembranças é acompanhar minha mãe ao trabalho dela. Era faxineira em casas de grã-finos. Essas casas, tão bonitas e muito maiores do que a minha, me impressionavam. Meu pai era almoxarife numa fábrica de peças. Sempre chegava em casa com cheiro de graxa e aço. Aposentou-se na função. Minha mãe chegou a supervisora de contas a pagar (ou a receber, nem lembro bem)

numa grande multinacional norte-americana fabricante de pneus.

Hoje, o sistema de classes na Inglaterra é mais ameno do que antigamente, quando, não importava o quanto você tivesse de fortuna, sua classe social permanecia a mesma (e olha que a minha família já não tinha nenhuma fortuna).

Então vejo hoje que esse foi um dos motivos mais fortes que me

impulsionaram para fora da minha terra, rumo ao novo mundo, pois isso representava romper com a passividade que tanto condeno até hoje.

Escapar das limitações impostas pelo sistema de classes. E o Brasil me acolheu com todo o calor e a hospitalidade que lhe são peculiares. Nunca me arrependi da minha escolha (exceto talvez naquele primeiro dia sozinho na cidade de Santos, vendo a nave-mãe sumir no horizonte.)

Toco nesse assunto nas minhas palestras e sinto que hoje, os meus livros são a minha maneira de dizer:

Thank you Brazil and all you Brazilians, for everything.

[286 páginas]

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Este livro do Michael Jacobs é fantástico, sob todos os pontos de vista. Embora seja um excelente livro para ensinar (realmente) inglês a brasileiros, demonstra muitas outras facetas, inclusive  da vida no exterior.

Brasil, um país maravilhoso.

Temos a obrigação de deixá-lo bem melhor para os nossos filhos, netos, bisnetos…Não deixemos que o destruam!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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