ALTA TRAIÇÃO QUE OS COMUNISTAS QUEREM ENCOBRIR

 

O LEVANTE COMUNISTA DE 1935: REFLEXÕES

Coronel Jarbas Passarinho – Foi Ministro de Estado,

Governador e Senador pelo Pará.

O Partido Comunista Brasileiro, nascido em 1922, teve vida curta, dirigido por Astrogildo Pereira e Octávio Brandão, quando em 1929 caíram ambos em desgraça da Terceira Internacional fundada por Lênin.

Poupados por Moscou que determinou uma trégua, que não durou senão até 1930.

O Komintern criticava os dirigentes do PCB, proibiu o partido de fazer qualquer aliança nas eleições daquele ano, para cultivar seus clichês: luta contra o imperialismo, terra para os camponeses, afastamento dos intelectuais (Astrogildo, Brandão, Basbaum e Paulo Lacerda) e sua substituição por “trabalhadores mal vestidos e que falassem errado”. Lembro essa passagem para salientar uma interessante coincidência: quando o PT foi fundado, há 25 anos, pretendia manter o princípio de partido exclusivo de trabalhadores, contrário a toda política de alianças com partidos burgueses e dirigido por um metalúrgico “mal vestido e que falava errado”.

Prestes só seria recebido na Terceira Internacional, ou Komintern, em 1931, quando aceitou pagar o que se chamava outrora, nos clubes de grãfinos, uma luva. Para ser recebido na

ilustre companhia dos revolucionários mundiais, pagou “20 mil dólares do fundo recebido de

Getúlio Vargas dezesseis meses antes”, como revelou William Waack, no seu livro Camaradas,

comprovado no acesso que teve aos arquivos de Moscou, após o colapso da União Soviética,

Capítulo Ouro Para Moscou, página 43.

João Alberto, em A Marcha da Coluna, confirma o entendimento com Getúlio, para que Prestes chefiasse a Revolução de 1930. Ele desviou os recursos para cumprir exigência do Kominforn, o mesmo Kominforn que lhe daria ordem para o levante de 1935 e dava (ou retribuia) dólares para chefiar o levante no Nordeste e no Rio de Janeiro.

É a prova do “Ouro de Moscou”.

Acho que Prestes vacinou o Exército com esse levante, que deixou marcas indeléveis de traição e covardia, quebrando um princípio de lealdade pertinente à vida castrense, em exemplos históricos como o dos aviadores na 1a Guerra Mundial. Quando um adversário era abatido, o contendor vitorioso passava em vôo rasante sobre o vencido e lhe fazia continência.

 Lee, o famoso general que comandou o Exército dos Confederados na Guerra de Sucessão americana, era instrutor em West Point, quando a guerra eclodiu. Despediu-se da escola, comandada por superiores seus, adeptos de Lincoln, com a tropa que ele iria combater formada em saudação. Não há duvida que eram tempos muito passados, em que a guerra tinha uma componente romântica.

 Mas em 1935, o comandante do 3o RI, onde estava preso o capitão comunista Agildo Barata, tinha absoluta confiança nos seus subordinados.

Dois deles, fizeram o contrário dos exemplos românticos. Um capitão que devia favores ao Comandante, jurou-lhe ajoelhado que era falsa a informação que o Coronel recebera de que o Regimento se levantaria no dia 27 de novembro e que o capitão era um dos seus líderes. Pois ele mesmo, altas horas da madrugada, cumpriu as ordens que Prestes

fizera chegar, escritas, a Agildo Barata. Preocupado com as informações que recebera do Ministério da Guerra, determinou o Comandante a um tenente seu secretário, que instalasse uma metralhadora visando a subunidade suspeitada. O tenente, que tinha um parente na intimidade do Palácio do Catete, com Getúlio Vargas – e daí a insuspeição dele – acabou usando a metralhadora em apoio aos comunistas rebelados.

Na Escola de Aviação, um oficial que faço questão de não sujar com seu nome este papel em que escrevo, foi encarregado de matar o tenente Danilo Paladini, sabidamente anticomunista.

Cobriu o revólver com um jornal e, numa escada em que Paladini se encontrava, chamou-o perguntando se lera o jornal. Quando a vítima desceu uns degraus, o covarde o matou com tiros do revólver escondido no jornal.

Outros covardes, também, sujaram a história castrense no Brasil. Um exemplo é o do tenente Bragança, aviador. Cumprindo seu dever, dirigiu-se de trem para o subúrbio de Deodoro, no Rio de Janeiro, com um colega, para apresentarem-se em sua unidade, que não sabia já rebelada. Apanhou-os um capitão (um facínora que vim a conhecer no Congresso quando votamos a lei de anistia), dono de um pequeno automóvel. Sentaram-se os dois oficiais nos bancos de trás. O capitão, sacando uma parabelum dirigiu-se primeiro ao tenente Bragança, dizendo estar a unidade de aviação revoltada obedecendo Prestes e perguntou se aderiam. O tenente corajosamente respondeu que não. Levou um tiro fatal. O outro abriu a porta do automóvel e jogou-se para fora, protegido pelo lusco fusco e da frágil vegetação de Marechal Hermes. Foi salvo porque o gatilho da arma não percutiu a bala. Dele eu li, já senador, o depoimento que deu no Tribunal de Segurança criado por Getúlio, revelando como se dera a morte do tenente Bragança.

Mas, quando capitão instrutor do CPOR de Belo Horizonte, fui companheiro de seu irmão, o capitão Bragança, um oficial de escol, cuja família tinha sido compelida a não revelar o que sabia, para que nas Comemorações da Intentona, na Praia Vermelha, a ferocidade e

a deslealdade dos comunistas fosse enfatizada como eles matando até militares dormindo.

Coisas de políticos e não exatamente da política como a descreve Max Weber.

O Presidente Collor determinou que as comemorações da Praia Vermelha, nos 27 de novembro não mais fossem realizadas, para reconciliação da família brasileira. Passara a ser lembradas nos quartéis. Agora, nem isso. São substituídas pelo culto, de Dom Paulo Evaristo Arns e do rabino Sobel ao comunista Wladimir Herzog.

Assim se faz a história.

(Publicado no Jornal Inconfidência)

*Coronel – Foi ministro de Estado, governador e senador pelo Pará.

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